Dia de Verão em São Paulo

Dia comum, eu saio de casa nem frio nem calor, não levo blusa nem guarda-chuva. Chegando do escritório, o vento a 17° do ar condicionado me refresca em mais um dia de verão em São Paulo. 1h da tarde, hora do almoço, desço o elevador e o vento congelante me faz pensar em Starbucks, com café quente desta vez, mas logo caio na realidade e lembro que lá não aceita Ticket Refeição. Ainda com muito frio, melhor entrar no restaurante mais próximo (e barato) que aparecer. Depois de comer, voltando ao serviço com muita pressa, é possível observar paulistanos vestidos de diversas formas: Terninhos e Paletós, jaquetões e cachecóis, camisetas e tomaras-que-caia.

Ao entardecer, uma forte chuva cai lá fora, já ouço os trovões do lado de dentro do prédio, ainda preciso comprar um biquíni, para quem sabe usá-lo (em pelo menos um) dia de sol nesse verão em que a chuva predominou quase todos os dias. Atravessar a cidade em um dia de chuva não é fácil, então vou a pé mesmo (lembre-se sem guarda-chuva). A chuva vai molhando e humilhando ao mesmo tempo, ela seria boa, refrescante, talvez estimulante (se eu estivesse acompanhada, é claro), se não fosse um tanto quanto humilhante. Conforme eu ando, e passo em frente “O melhor bolo de chocolate do mundo” completamente ensopada, as pessoas me encaram, me fazendo sentir (mais) molhada e imunda. Os carros não deixam de dar a sua colaboração me jogando mais água, e fazendo aumentar a minha vontade de sumir.

Nesta hora já desisti do biquíni, de andar, de viver. Já peguei ônibus errado, já desci e já gastei o dinheiro que havia recebido, e já estou parada a mais de 4 horas voltando (tentando voltar) pra casa.

Esta é uma história comum, de uma mera paulistana. E as notícias como: Chuva atingiu a capital ontem provocando 44 pontos de alagamento, derrubou árvores e deixou semáforos apagados, já são frequentes em nossos dias de verão. Vamos para a praia em Julho?

*Um pouco de realidade, um pouco de ficção. Texto de 2009.